domingo, 13 de novembro de 2016

Historinhas para não esquecer

Em mais de um ano de Japão, às vezes esqueço as engraçadas e curiosas histórias que já presenciei por aqui. Hoje, então, resolvi registrar algumas para compartilhar com vocês!

1) Você está aqui.

Eu e uma amiga resolvemos ir ao cinema de bicicleta. No meio do caminho, o pneu dela furou, largamos as bicicletas no estacionamento mais próximo, tiramos foto do ponto de ônibus que tinha ao lado, para termos uma referência a dar para o taxista na hora da volta (o filme acabava depois do último horário de ônibus). Na volta, não sabíamos como pronunciar o nome daquele ponto de ônibus (cada um aqui tem um nome, como se fosse nome de estação de metrô), então pedimos ajuda a um senhor que estava no ponto de táxi, mostrando a foto na tela do celular a ele. Ele então responde, falando em inglês: "Você está aqui". Nos demos conta então, de que não havíamos tirado a foto do nome do ponto de ônibus, mas sim do mapa que mostrava a localização desse ponto! Custou, mas chegamos em casa.

2) Número 4, por favor.

Segunda semana minha no Japão, resolvo almoçar sozinha em um restaurante de udon (macarrão japonês). Queria comer a promoção número 4, que era udon com tempurá. Eu não sabia falar "número quatro", sabia apenas falar "quatro" e ainda completei com o gesto na mão. Eis que a garçonete vem com quatro tigelas de udon para mim. Rimos bastante!

3) Ainda não estamos abertos.

Março de 2016, Kyoto, frio. Três moças desesperadas por um rámen no fim da tarde, entramos num restaurante bem aconchegante. A garçonete prontamente diz: "São 5:45. Só abrimos às 6." Questionamos: "Mas a porta está aberta...". Ouvimos: "Sim, está aberta, mas o serviço não começou. Voltem daqui a quinze minutos." Foram os mais longos e frios quinze minutos perambulando pela rua até voltar lá. Valeu muito, foi um dos melhores rámens já comidos aqui.

4) Mas que dia?

Eu e meu tutor tentávamos marcar um horário para eu assinar uns documentos da tutoria dele. "Que dia você pode?", perguntou o japa. "Nas quintas não posso de forma alguma. Segundas, terças e sextas, das 12h às 13:30, tenho aula. Os meus outros compromissos são flexíveis, então escolha um horário que não bata com esses que eu te falei". "Mas então, que dia?".

Looping infinito nessa conversa... Eles não funcionam sem uma agenda na mão e dar opções de escolha é algo que os deixa muito confusos.

5) Encontro um adolescente no trem. Só de olhar, notei que era brasileiro, mas fiquei na minha. Ele começou a conversar em inglês com um conhecido dele, mas o inglês dele era muito básico, e eu percebi que estava confuso, então ofereci ajuda. Depois disso e algumas conversas até o destino final, eis o histórico do rapazinho: filipino de nascença, japonês de criação, alma de brasileiro (com direito a sotaque de SP) por conta do padrasto, pessoa que ele mais admira na vida.

Demorei dias tentando imaginar o que a palavra "identidade" deve significar para aquele menino.

***

Essas são algumas histórias, apenas. Quem sabe, um dia, se eu lembrar de mais algumas, eu vá escrevê-las aqui.

またね。