Olá! こんにちわ。
Depois de muito tempo de abandono por conta de preparar tudo para voltar a morar no Brasil, cá estou! Mas o Japão nunca ficará esquecido.
Hoje vou falar sobre a Daiso, uma loja japonesa famosa, que possui várias unidades espalhadas pelo país e tem também uma unidade em São Paulo. Nessa loja, quase todos os produtos custam 100 ienes, o que corresponde a R$2,77. A Daiso não é a única loja do Japão que funciona nesse estilo, existem várias outras, mas ela é a mais famosa.
Lá é possível encontrar itens de papelaria, artesanato, jardinagem, limpeza, cozinha, vestuário, acessórios, decoração, brinquedos e até mesmo comida!
Resolvi tirar umas fotos para mostrar umas curiosidades de lá para vocês.
Rosários budistas, para oração.
Adesivos para carro. O verde e amarelo indica que o motorista tirou carteira de motorista há menos de um ano. O de quatro cores indica que o motorista é idoso.
Carimbos de nomes, para assinar documentos e afins. No Japão não há assinatura por extenso, à caneta, como é feito aqui.
Enfeites para a marmita das crianças. No Japão, muitas mães disputam a beleza na marmita (bentou) de seus filhos. É, pois é, elas criam tempo pra isso...
Muitas forminhas de papel fofas.
Lanchinhos bem comuns por lá, como algas, peixes e outros frutos do mar desidratados.
Máscaras de algodão ou silicone, para aplicar produtos cosméticos na pele. Algumas já possuem o produto, outras não.
Vários estilos de cotonete, inclusive reutilizáveis.
Adesivos para colar na pálpebra, de forma a mantê-la mais aberta.
Diferente, né?!
Até a próxima! またね。
quinta-feira, 11 de maio de 2017
domingo, 8 de janeiro de 2017
Kamagasaki, um Japão que é pobre
Em novembro de 2016, tive a oportunidade de conhecer Kamagasaki, um bairro na cidade de Osaka. A visita foi parte do cronograma de eventos do programa Teacher Training, do qual faço parte. Eu já tinha ouvido falar de Kamagasaki como "a favela do Japão", mas, sendo brasileira e tendo uma definição bem diferente de favela, eu chamaria Kamagasaki de "bairro onde se concentram famílias mais pobres e moradores de rua".
Quem nos recebeu foi um senhor que pertence a um grupo de apoio a moradores de rua, pertencente à Igreja Católica. Ele nos guiou pelo bairro, caminhando por aproximadamente meia hora, e pediu apenas que não tirássemos fotografias dos moradores. Os perfis dos moradores do bairro variam entre aqueles que conseguem emprego de baixíssima remuneração e podem pagar aluguel popular em prédios pertencentes ao governo e aqueles que moram na rua, sob barracas, papelões, cobertores ou qualquer outro material que os proteja do frio. Há a opção de dormir em abrigos noturnos, mas muitos moradores preferem seu próprio canto.
Curiosamente, não senti nenhum medo em andar por lá. Não havia nenhuma ameaça à vista, muito menos a presença da polícia nas ruas. Havia, sim, pessoas muito pobres, de cabeças baixas, sobrevivendo ao frio da noite. Apenas um morador se aproximou de nós, pedindo dinheiro e dizendo que japoneses não gostavam de estrangeiros. Vejam bem a colocação dele: "japoneses", não "os moradores de rua". Ainda assim, não nos forçou a nada, não nos encostou a mão e ainda desejou Feliz Natal, antes de sair caminhando pelas ruas extremamente limpas e bem sinalizadas de um bairro considerado extremamente pobre.
E essa pobreza, por que está no Japão? E por que logo ali, em Kamagasaki? Os moradores, em sua maioria, são pessoas desempregadas ou com empregos não formais (bicos) e que foram consideradas uma vergonha pelas suas famílias ou por si próprios. Vergonha no Japão é um sentimento levado a sério e que pode acarretar desde muitos pedidos de perdão, ou afastamento de entes próximos a até mesmo o suicídio. Conforme moradores de rua foram se concentrando ali, outros moradores de outras cidades japonesas, ao saberem da existência deste local, juntaram o pouco que tinham e decidiram ir para lá (essas migrações ocorrem até hoje), pois o bairro ficou conhecido como um lugar que aceita receber quem não tem um teto. Justamente por isso, não é difícil para muitas famílias encontrarem entes afastados em todo o território japonês, pois eles costumam ir para Kamagasaki.
O espaço desse bairro contém, além de suas ruas e prédios, praças onde é permitido construir os pequenos barracos; máquinas de vendas de bebidas a preços mais acessíveis (e presas por correntes, coisa que não acontece no restante do Japão); tabelas e mapas espalhados com informações sobre pontos de ajuda e doações e um hospital. A ajuda que mais tem demanda é a alimentar e, por isso, muitos voluntários vão diariamente servir comidas nas praças. O hospital, mesmo sendo público, não é gratuito, porém quem não pode pagar deve assinar um termo se comprometendo a pagar quando possível. E este sistema dificilmente dá errado.
Praça com TV.
Mapa do bairro e tabela com informações das ONGs.
Máquinas de vendas de bebidas.
Ouvimos relatos de problemas com uso de drogas e prostituição no local, mas em pouca quantidade se comparado ao Brasil ou a outros países. Outro relato considerado como problema foi sobre os moradores de rua com deficiência mental, pois são considerados os mais difíceis de serem reinseridos em algum emprego ou atividade voluntária para a comunidade, de acordo com as ONGs locais.
Crianças não apareceram sob nossas vistas, pois a visita foi feita à noite. Todas são assistidas pelo governo, com direito a duas refeições garantidas pelo próprio governo e escola. Achei pouco apenas duas refeições, ainda mais vindo de um governo de país desenvolvido, mas em alguns momentos preferi engolir minha fala ao notar o olhar apreensivo da minha coordenadora para nós, na possibilidade de ter que traduzir alguma pergunta considerada estranha aos japoneses. Pois sim, até na miséria, a formalidade ainda fala mais alto.
Não só de luzes de neon e personagens diversos vive o Japão, infelizmente.
Quem nos recebeu foi um senhor que pertence a um grupo de apoio a moradores de rua, pertencente à Igreja Católica. Ele nos guiou pelo bairro, caminhando por aproximadamente meia hora, e pediu apenas que não tirássemos fotografias dos moradores. Os perfis dos moradores do bairro variam entre aqueles que conseguem emprego de baixíssima remuneração e podem pagar aluguel popular em prédios pertencentes ao governo e aqueles que moram na rua, sob barracas, papelões, cobertores ou qualquer outro material que os proteja do frio. Há a opção de dormir em abrigos noturnos, mas muitos moradores preferem seu próprio canto.
Curiosamente, não senti nenhum medo em andar por lá. Não havia nenhuma ameaça à vista, muito menos a presença da polícia nas ruas. Havia, sim, pessoas muito pobres, de cabeças baixas, sobrevivendo ao frio da noite. Apenas um morador se aproximou de nós, pedindo dinheiro e dizendo que japoneses não gostavam de estrangeiros. Vejam bem a colocação dele: "japoneses", não "os moradores de rua". Ainda assim, não nos forçou a nada, não nos encostou a mão e ainda desejou Feliz Natal, antes de sair caminhando pelas ruas extremamente limpas e bem sinalizadas de um bairro considerado extremamente pobre.
E essa pobreza, por que está no Japão? E por que logo ali, em Kamagasaki? Os moradores, em sua maioria, são pessoas desempregadas ou com empregos não formais (bicos) e que foram consideradas uma vergonha pelas suas famílias ou por si próprios. Vergonha no Japão é um sentimento levado a sério e que pode acarretar desde muitos pedidos de perdão, ou afastamento de entes próximos a até mesmo o suicídio. Conforme moradores de rua foram se concentrando ali, outros moradores de outras cidades japonesas, ao saberem da existência deste local, juntaram o pouco que tinham e decidiram ir para lá (essas migrações ocorrem até hoje), pois o bairro ficou conhecido como um lugar que aceita receber quem não tem um teto. Justamente por isso, não é difícil para muitas famílias encontrarem entes afastados em todo o território japonês, pois eles costumam ir para Kamagasaki.
O espaço desse bairro contém, além de suas ruas e prédios, praças onde é permitido construir os pequenos barracos; máquinas de vendas de bebidas a preços mais acessíveis (e presas por correntes, coisa que não acontece no restante do Japão); tabelas e mapas espalhados com informações sobre pontos de ajuda e doações e um hospital. A ajuda que mais tem demanda é a alimentar e, por isso, muitos voluntários vão diariamente servir comidas nas praças. O hospital, mesmo sendo público, não é gratuito, porém quem não pode pagar deve assinar um termo se comprometendo a pagar quando possível. E este sistema dificilmente dá errado.
Praça com TV.
Mapa do bairro e tabela com informações das ONGs.
Máquinas de vendas de bebidas.
Ouvimos relatos de problemas com uso de drogas e prostituição no local, mas em pouca quantidade se comparado ao Brasil ou a outros países. Outro relato considerado como problema foi sobre os moradores de rua com deficiência mental, pois são considerados os mais difíceis de serem reinseridos em algum emprego ou atividade voluntária para a comunidade, de acordo com as ONGs locais.
Crianças não apareceram sob nossas vistas, pois a visita foi feita à noite. Todas são assistidas pelo governo, com direito a duas refeições garantidas pelo próprio governo e escola. Achei pouco apenas duas refeições, ainda mais vindo de um governo de país desenvolvido, mas em alguns momentos preferi engolir minha fala ao notar o olhar apreensivo da minha coordenadora para nós, na possibilidade de ter que traduzir alguma pergunta considerada estranha aos japoneses. Pois sim, até na miséria, a formalidade ainda fala mais alto.
Não só de luzes de neon e personagens diversos vive o Japão, infelizmente.
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