Completando hoje meu terceiro mês
de Japão, gostaria de registrar algo que pouco exibi nas redes sociais: minha
rotina. Por vezes, penso: “Por que publicaria sobre minha rotina, sendo que é
tão mais divertido publicar somente os passeios e festejos? Seria muito chato!”.
Acredito não estar tão errada assim, porém, comecei a sentir a necessidade de
expor a rotina para que vocês, queridos leitores, possam acompanhar melhor
minha estada aqui e sanar quaisquer dúvidas, posto que já fui abordada não só
com perguntas de interesse positivo, como também com comentários infelizes que põem em dúvida a
validade de eu estar aqui. Aproveito, inclusive, para agradecer cada palavra de
incentivo e carinho com relação ao blog. Muito obrigada!
E vamos ao que interessa!
As perguntas que mais recebo são
sobre o que eu estudo agora, em quantas horas por dia, quantos dias da semana,
entre outras. Bem, desde outubro venho estudando apenas a língua japonesa,
sobre a qual quero discorrer mais detalhadamente em vindoura postagem. Este
curso, que é o intensivo, termina no mês de fevereiro. Ele é diário, de 8:40h
às 15h, com intervalo de 50 minutos para almoço e intervalos de 15 minutos nos
turnos da manhã e tarde. É composto por nove professores que eu poderia chamar
de nove anjos da paciência, sendo eles: Mitani Sensei, Ri Sensei, Ishida Sensei,
Sakai Sensei (a coordenadora do curso, mãe de todos), Nakao Sensei, To Sensei,
Suzuki Sensei, Kato Sensei e Hori Sensei. Para que as aulas não fiquem
repetitivas, Sakai Sensei prepara quinzenalmente uma escala de revezamento de
conteúdos e tarefas entre os professores. Sendo assim, as aulas variam em:
aulas de kanji (todos os dias, no primeiro horário), gramática, conversação,
áudio, escrita, vocabulário e as aulas culturais. Aulas culturais? Sim, vamos a
elas: aulas de receita, música, caligrafia japonesa, “quiz” (japonês ama um “quiz”!),
entre outras, que mudam com o passar do tempo. Nestas aulas, os professores
apresentam algo do Japão e, nas semanas seguintes, os alunos apresentam conteúdo
semelhante, porém sobre seus respectivos países, em japonês. A exceção vai para
a caligrafia japonesa, justificada pelo próprio nome!
Aí eu volto para casa e meu dia
de estudos acabou, certo?! Não! Aí vem o famoso shukudai (dever de casa!).
Todos os dias eu tenho ao menos um dever de casa. Caso não haja, não significa
que estou à toa, pois não importa qual for o dia, sou obrigada a ler previamente
o conteúdo da aula do dia seguinte no livro, para não chegar “crua” na mesma. E
as provas? Constantes! A cada três dias, faço teste de kanji, cuja nota não é
computada pelos professores, pois é apenas uma prévia da prova. A cada cinco
lições de kanji (o que leva aproximadamente entre duas semanas e meia e três
semanas), tenho prova. E o restante? A cada quatro lições do livro de gramática
e etc. (que dura entre três semanas e um mês), faço cinco provas: gramática,
áudio, redação, conversação e interpretação de texto. O enunciado das provas vem
em inglês ou japonês? Depende. Os professores conhecem nosso alcance, o que faz
com que venham cada vez mais enunciados apenas em japonês. E as notas? Vão
muito bem, obrigada!
Friso que além da vida de
estudante de japonês, há a vida de dona de casa, sobre a qual julgo ser
totalmente descartável qualquer tipo de descrição. Limpeza, arrumação e cozinha
só mudam o endereço.
E quando este curso acabar, o que
acontece? Férias! E quando estas acabarem, começo minha pesquisa em Educação e,
se quiser (e vou querer!), posso dar continuidade ao estudo da língua japonesa,
porém não mais no curso intensivo.
Despeço-me com uma frase que ouço
todos os dias e que os japoneses amam: Ganbatte Kudasai! がんばってください。 (Esforce-se, por
favor!). Sempre e mais.